Sunday, July 23, 2006

Cebola - de volta à terra prometida

Caralho, vão se fuder, hein... vou mudar o nome desse blog pra "Cebola & Miguxos". Só eu escrevo nessa merda! Minha única esperança é o Godo. Apesar de que os textos dele vão me quebrar, né... Mas tudo bem, sempre vai ter o Carneiro, o Santos e o Zé, que com certeza vão postar cada detalhe de seus intercâmbios aqui, né? (é uma piada)

Esse relato aqui eu fiz por livre espontânea vontade. Vontade da minha mãe. Ela queria porque queriam um depoimento sobre parte da minha viagem para publicar no jornal da minha comunidade brasileiras de danças croatas (não é uma piada). Daí eu me empolguei, fiquei três dias escrevendo, li e reli várias vezes, passei de 5 páginas e aí, já sabe, né.... meti aqui e ai de quem não ler.

Mentira, tô brincando. Esse texto é bem pra minha família. Por isso, tá recheado de piadas internas, que ninguém de fora vai entender, e de piadas repetidas, porque quase ninguém dos Croatas leu o resto do blog. E tá meio gay. Mas só um pouquinho. Não dava pra escrever muito palavrão e tive que pular as partes sobre consumo de drogas e orgias pansexuais porque eu tenho que fazer aquela fita com as minhas tias-avós, tá ligado?

A Érica mandou eu dizer que mesmo assim é pra todo mundo dar uma olhada porque ficou bom e tals, minha mamãezinha linda maravilhosa até deixou escapar umas lágrimas. Dizem que meu pai também, mas pega mal pra reputação dele esse tipo de coisa, né? Não conta pra ninguém.

Deixa eu parar aqui porque se não a introdução fica maior que o texto que, por sinal, tá gigantesco.

Foda-se, é pra ler e pronto. No final ainda tem que fazer uns comments.

Acho que eu vou largar a FEA e virar escritor, é da hora.

Tipo que nem o John Grisham, que se formou em Direito e hoje faz uns romances sobre advogados ladrões, lavagem de dinheiro e documentos-bomba, manja?

Eu podia ir por uma linha mais ou menos assim, mas dentro de Administração e Economia. Tipo, CEOs corruptos, secretárias sedutoras, contadores misteriosos, intrigas, jogos de poder, mais lavagem de dinheiro....

Tá, agora eu parei mesmo.

Abs!

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Aproveitei as férias que eu mesmo me dei na faculdade aqui na Alemanha e fui dar um rolê na Europa com a patroa. Oportunidade como essa não ia aparecer tão cedo de novo, né? Viajar aqui dentro é relativamente barato. Isso, é lógico, se você souber onde procurar, não for muito exigente, dormir em albergues quando não der pra ser no trem mesmo, viver de baguete e McDonald's por semanas a fio, abrir mão dos imperdíveis museus da história das pulgas de circo falantes da Sicília e tiver uma namorada que acha gostoso passar 4 dias na frente do computador procurando acomodação barata e passagem com desconto.

Antes de chegar na Croácia já tinhamos passado por Praga (República Tcheca), Bratislava (República Eslovaca), Viena (Áustria), Ljubljana e Bled (Eslovênia). Estávamos viajando há uns 6 dias e já dava pra dizer que tínhamos uma certa bagagem acumulada: Praga é provavelmente a cidade mais bonita da Europa; Viena tem um complexo de palácios, castelos e museus maior do que várias cidades inteiras na Alemanha; a beleza natural da Eslovênia, com seus rios, morros, montanhas, lagos, florestas e cenários bucólicos, é du carai; Bratislava é... zuado, mas pelo menos é tudo muito barato, provavelmente até mais que no Brasil

Bom, se já tínhamos visto o melhor que a Europa tinha a oferecer em termos de castelos, palácios, monumentos, cidades históricas, paisagens bonitas e até goulash eslovaco a preço de banana, como é que a Croácia - um paísinho minúsculo, com mais gente morando na Austrália do que no seu próprio território e que teve seu apogeu na época em que era a sauna dos imperadores romanos - poderia de alguma forma nos surpreender?

No começo realmente não nos surpreendeu. Chegamos em Zagreb às cinco da manhã, depois de uma noite horrível num trem velho e barulhento. Os policiais alfandegários nos acordaram pra ver o passaporte duas vezes, e não sabemos até agora porquê. Pra pegar a baldeação pra Split às 6:00 tivemos altas tretas com o fiscal porque deveríamos ter feito uma reserva pra embarcar e acabei tendo dois minutos e meio pra comprar um bilhete novo no outro lado da passarela. Foi uma delícia fazer um tiro de 800 metros as 5:57 da matina. E a mula achava que, se ele falasse bastante, bem rápido e com cara de bravo, eu ia acabar aprendendo croata ali, na hora, e descobrir o que ele queria dizer. Se um tiozinho que manjava de inglês não tivesse nos ajudado na fila...

Mas nossa má impressão dos croatas foi pro saco assim que chegamos em Split. A dona do nosso hostel era muito simpática e foi buscar a gente na porta do trem. Nosso quarto era animal; na antiga Iugoslávia, 20 euros é dinheiro suficiente pra alugar um apartamento inteiro só pra você, enquanto em Viena custa 25 pra dividir um pulgueiro com 10 desconhecidos. A cidadezinha é muito simpática. Beira de praia, milhares de barcos ancorados, uma orla toda bonitinha, vários daqueles cafés com cadeirinhas ao ar livre... O castelo Diocle-não-sei-o-quê, do imperador romano homônimo, era muito legal. Até então não tínhamos visto nenhuma construção medieval que tivesse evoluido com o tempo ao invés de ter se transformado em museu, em ruínas, ou em ambos. Virou tipo uma cidadela de pedra, onde tinha de tudo: lojas, bares, restaurantes, torres de guarda, portões norte-sul-leste-oeste, esculturas pagãs e, o mais impressionante, gente morando. Imagina que você tá andando na vielazinha, todo encantado com os tijolos do século 13 e as criptas dos antigos reis croatas, quando dá de cara com uma calcinha XXL pendurada no varal da casa de alguém. É mó barato!

De Split fomos pra ilha de Korcula (desculpa que eu não tenho o acento no "c"). Quando compramos a passagem do catamarã, imaginamos que íamos passear de algo parecido com uma escuna, ou algum desses barcos fofinhos onde os turistas tomam sol na proa e ficam entediados ouvindo o guia falando bobeira o caminho inteiro. Mas não. Era praticamente um navio, com capacidade para umas 500 pessoas, todas sentadas em poltronas iguais às de avião. Mó da hora, parecia até que a gente tava andando de ônibus (apesar de que no alto mar balança menos do que em São Paulo).

A viagem demorou umas 2 horas e, chegando em Vela Luka, descobrimos porque a Croácia é tão famosa pela beleza natural. O lugar era simplesmente animal, uma vila toda de pedra (muitas pedras na croácia, né?), encrustada num morro que acabava num mar lindíssimo, cujas águas eram mais azuis que as do Caribe. Eu nunca fui pro Caribe, mas é um ótimo chute. Logo no porto fomos recebidos pela Ksenja, uma mulher que eu nem conhecia mas que, graças ao meu tio Ivan - o maior diplomata da galáxia - nos cedeu a casa dela pra morarmos durante 3 dias.

Antes que comece a sair fumaça da sua cabeça, deixa eu esclarecer. A Ksenja é neta da Jacobina, tá ligado? Hoje em dia pode até ser que essa informação não choque ninguém, mas o Ivan ficou embasbacado quando descobriu isso na primeira vez que ele foi pra Blato, em 1765 (quer dizer, eu sei lá quando ele foi, mas eu nem tinha nascido ainda...1765 é outro ótimo chute) A Jacobina teve uma filha, a Jagoda, quando ela era bem jovem e solteira. Daí ela mudou para o Brasil pra fugir da vergonha que era uma moça direita daquelas engravidar antes de casar. Bizarro, né? Mas beleza, outros tempos, fazer o quê... naquela época era razoável largar toda a sua família, seus amigos, sua casa, seu emprego e mudar de continente pra ir morar no meio dos macacos por causa da má fama e das fofocas.

A Jagoda é, portanto, meia-irmã do Alexandre e da Darinca. E, lógico, prima do meu vô. Desenhando a árvore genealógica inteira, temos que eu tenho a mesma relação de parentesco com a Ksenja do que com o Boris, com a diferença de que ela é uns 45 anos mais velha e muito, mas muito mais bonita do que aquele panaca zuado. E que os filhos dela são tão meu primos de quarto grau quanto o Nicolas e a Bia. E por assim vai. Descubra o seu!

Ela nos tratou maravilhosamente bem. Nunca vi coisa igual. Mesmo eu demorando umas 5 horas pra aprender a pronunciar o nome dela (Tsênia), ela nos deu casa, comida, roupa lavada, translado gratuito Vela Luka-Blato, city tour pela cidade inteirinha (durou uns 40 minutos, hehehehe), nos apresentou toda a família dela e ainda nos levou pra passear em toda a ilha. Foi sem dúvida nenhuma a melhor parte de todo o mochilão. E olha que, mais tarde, também visitamos Roma, Paris, Estocolmo...

Dava pra eu ficar escrevendo por horas a fio tudo o que passamos nesses 3 dias na ilha. Mas nesses momentos a fadiga domina, né? Ninguém ia ter saco pra ler. A maioria das coisas é indescritível; só estando lá no meu lugar pra sentir o que eu senti. Por exemplo: estamos andando na rua e a Ksenja me aponta um velhinho e diz, como quem não quer nada:
- olha só, aquele senhor ali também é Marinovic Brscan.
A essa altura eu já tinha conhecido uns 200 Marinovics de todas as marcas, cores e tamanhos. Já tinha ido no açougue do Antun Marinovic (não o meu vô, o primo dele), já tínhamos visto a casa que meu Dida morava antes de emigrar, já tínhamos sido introduzidos aos meus 8 primos de décimo terceiro grau... mas não tínhamos conhecido nenhum Marinovic que também fosse Brscan!
- como assim, Marinovic Brscan? - respondi, intrigado. (a gente conversava em inglês, se é isso que você tava se perguntando. Ela morou na Austrália um tempão)
- Pois é. - e continuou andando, como se nada de incomum tivesse acontecido. Como se no Brasil eu sempre encontrasse alguém que tivesse esse sobrenome impronunciável. Como se só na minha sala na escola tivessem três.
- como assim, Marinovic Brscan? Ele é meu parente? - eu não sabia se eu ficava mais supreso com o fato de ter encontrado um parente de primeiro grau do que com o fato de ela achar perfeitamente normal eu encontrar sangue do meu sangue num vilarejo de 3.500 habitantes a nove mil kilometros de casa.
- Sim - bom, pra ela, era normal mesmo.
- Não, peraí, vamos lá falar com ele.

E não é que o velhinho era irmão do Marin? Isso mesmo, meu tio-bisavô. Vivo, lúcido e inteiraço. Quer dizer, isso é mais um ótimo chute. Podia ser que ele estivesse bem gagá e só falando bobagem que eu não ia entender nada, mas era isso o que parecia. Taí a foto dele pra comprovar. Acho que ele não entendeu porque eu tava tão feliz de ter encontrado ele ali. É que, na ilha deles, é normal todo mundo ser parente de todo mundo e do nada aparecer uns perdidos vindos da Austrália, dos Estados Unidos, do Brasil ou desses outros países na PQP pra onde a galera foi vazando. Mas pra mim foi um achado!

Fora esse, teve mais um momento que pra mim foi ainda mais marcante, porque até agora eu fui o único que vi (eu sabia que o Vlaho existia). Depois de dar um rolê de Escort 94 pra conhecer Prigradiza, Prisba e uma fábrica de estátuas de Bronze de um amigo do Ante (marido da Ksenja), paramos no cemitério pra visitar a Jagoda. De novo, eu tava andando distraidamente, curtindo a vista do alto do morro, quando me deparo com uma tumba onde estava escrito, em letras garrafais: ANTUN MARINOVIC BRSCAN. Era a tumba do meu avô. Como era possível?

Não era. Encontrei mais um outro antepassado. O dida do meu dida. Meu tataravô. No mesmo jazigo estavam outras pessoas, inclusive o Frei Ivo, outro dos meus tios-bisavós.

Irado, né?

Também foi muito louco o fato de a Ksenja ter feito com que nós nos sentíssemos em casa o tempo todo, mesmo não falando nada de Croata e só conseguindo se comunicar com algumas poucas pessoas. Olhem essa foto aí. Da direita pra esquerda, temos a Frana, uma mina de 13 anos meio gênia, cujo inglês era assustador de tão bom. Filha da Sandy. No colo dela, está a Ksenja. Não, mula, não a Ksenja Ksenja; essa seria a vó dela, que está logo ao lado. Depois temos uma morenaça que fez o maior sucesso em Blato. Devem estar comentando a visita dela por lá até hoje. Juro por Deus que os carros ficavam andando em círculo na rua só pra passar várias vezes na frente dela. Continuando, temos um morenaço que, por sua vez, parou a Dalmácia inteira. Ainda vão fazer uma estátua para idolatrar a beleza dele. Flashes incessantes e paparazzi incansáveis não o deixavam passear em paz na rua. Verdade. Sério mesmo. A outra sortuda de estar do meu outro lado é a Sandy, filha da Ksenja e do Ante, o tiozão de vermelho, que também era um amor. O excluído é o marido da Sandy. Ele perdeu uma perna em Zagreb, durante a guerra, e usava uma prótese. A família inteira tinha um ódio absurdo dos sérvios, nunca vi coisa igual.

Bom, dava pra eu falar mais um milhão de coisas sobre a estadia na Croácia. Teve os jantares típicos, a base de lula e pescado; o "brunch" no hotel da irmã do Ante, em Prisba; a ceia na pizzaria do irmão da Ksenja, onde conheci mais dois primos; a casa de veraneio da família (como se eles precisassem de uma!), em Prigradiza; a decoracao das casas das pessoas, que incluiam vasos romanos de 800 anos que eles achavam largados no mar; as conversas elaboradíssimas em croata que tínhamos com os nativos na mesa de jantar, a base de "dobro", "molim" e "hvala"; o Ante mostrando a cidade todo revoltado porque a população de Blato tinha se reduzido à metade depois da última onde de emigração pra Austrália (ele apontava pras casas abandonadas e lamentava: "nobody in! listen: only two people, two old people... it's nobody in!"); o cara da loja de souvenirs todo feliz porque fomos os melhores clientes da década (comprei uns 17 postais de uma só vez); eu e a Érica repetindo o prato de sopa três vezes porque não sabíamos que era só a entrada e tinha mais um quilo de bisteca de porco pela frente; e assim vai ...

Depois de Blato, fomos pra Dubrovnic, Milão, Suécia, Finlândia, Bélgica, França, Veneza... foi tudo muito legal, muito bonito, muito gostoso, muito caro (auch!)... no entanto, ainda que eu um dia consiga rodar o planeta inteiro, não sei se eu vou conseguir fazer um passeio tão legal quanto o que eu fiz em Korcula. E não é porque a Croácia tem praias lindas. A Tailândia também tem. Não é porque os arquipélagos são verdes, fofos e bem preservados. Na Noruega também são. Não é porque sua história é longa, sofrida, marcada por guerras e reconstruções árduas. Na Alemanha também é. Não é porque o time de futebol é bom. O da Austrália é melhor. Bom, péssimo exemplo, na Austrália só tem croata... Mas enfim. O que fez a minha viagem tão legal, tão divertida, tão rica, tão emocionante, é que eu ganhei muita coisa. E eu não to falando de fotos, vídeos, memórias e chaveirinhos.

Galera, aprendi muito aqui nesse meu intercâmbio. Aprendi a fritar batata no McDonald's; aprendi todo o vocabulário de produtos de limpeza em inglês; aprendi a lavar minha roupa; aprendi a fazer supermercado; aprendi a cozinhar arroz; aprendi a porcaria que é ter que limpar a louça toda vez que usa; aprendi a andar sozinho de avião, trem, bonde, balsa, ônibus, metrô, carroça, cavalo, patinete e pula-pula mesmo sem entender nada do que tá escrito no mapa; aprendi a fazer mímica em vários idiomas; aprendi as burocracias de tirar visto em três países diferentes para três outros países diferentes; aprendi até um pouquinho de alemão.(esse foi bem pouquinho mesmo...)

Mas as maiores coisas que eu aprendi não dá pra escrever aqui em forma de piadinha.

Fiquei com mó saudade de vocês. Do meu pai, da minha mãe, da minha irmã, da bicha do meu irmão, do meu Dida, da minha vó, da minha outra vó, do meu outro vô (pois é...), dos meus tios, das minhas tias, dos meus priminhos (todos boiolas), do meu CUnhado, do meu Boris (não sei até hoje o que ele é meu), de todos os meus tios-avós, tios-primos, primos-tios, avós-primos, primos-avós-de-terceiro-grau da SADA... pensei muito em vocês quando eu tava lá. Queria muito que vocês tivessem junto comigo.

Sabe o que eu ganhei de tão legal na croácia? Foi amor. Amor de família. E isso tava fazendo uma puta falta. Quando a gente foi embora, a Ksenja chorou pra caramba. Eu não chorei porquê, por mais que eu tivesse curtido ficar lá, eu sei que tem um lugar no mundo que eu tenho certeza que eu tenho quantidades infinitas disso.

Logo, logo, eu to de volta, galera.

Do vidjenja !!!

ps: se quando eu voltarem vocês quiserem me dar todo esse "amor de família" na forma de uma picanha bem sangrenta numa churrascaria rodízio, eu não vou achar nada mal!

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

que animal, Cebola...

que bom se todo mundo pudesse aprender tanto com uma experiência dessas

até breve!

3:48 AM  
Anonymous Anonymous said...

Cebola

Depois de ler o que escreveu sobre amor de familia e de quanto a gente precisa dela, acho que vc tem futuro como escritor, cara, eu até chorei no final! Sério mesmo!
Mas, eu preciso dizer que cheguei até seus escritos pesquisando por Blato. Descobri que a minha avó nasceu e veio de lá. Chamava-se Frana Zanettic. Ela e a família toda vieram para o Brasil por volta de 1920. Cara, essa viagem que vc fez, eu farei em breve e parece que me via lá, vendo o que vc viu e descreveu tão bem.
Vc ainda tem contato com o pessoal de lá?
Preciso achar uma maneira de pesquisar Blato,alguma idéia?
Não entendo nada do idioma, minha mãe fala algumas coisas, mas não ajuda na hora da pesquisa.
De qualquer forma, parabéns pela viagem, e por ter a família que parece que vc tem. Essas coisas são as que realmente importam na vida e sem elas não temos porquê ir em frente, mas as vezes, temos que ir mesmo assim né, abcs,
Rose

7:55 PM  

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