Wednesday, September 13, 2006

Godo - 10 dias de Toulouse

1/9 - état des lieux

O apê, que fica numa residência de estudantes ao lado da facul, não é novo e nem velho, nem grande, nem pequeno. Não tava sujo nem limpo. Agora não tá vazio nem muito cheio.

Conforme combinado, às 9h da manhã encontrei srta. Guénaelle da agência imobiliária que me entregou as chaves do apê e o verificou junto comigo, anotando em duas vias cada mancha na parede, cada pé do sofá meio quebrado, cada porta que não fecha, cada luz que não funciona... opa, nenhuma luz funcionava. Nem a luz, nem a geladeira, nem o fogão, elétrico, nem o aquecedor de água. Isso mesmo, só viria alguém ligar a energia elétrica na quarta-feira...

No mais, monsieur le gardien (o zelador da residência) deu uma passada. Ele avisou que só estava passando pra falar com um amigo, por isso não poderia me dar a chave da minha caixa de correio nem a almofada que estava faltando no meu sofá. Srta. Guénaelle da agência imobiliária havia dito que monsieur le gardien não trabalharia essa semana nem a próxima porque estava doente. Na verdade doente era uma faixinha enrolada no braço, e ele tinha vindo pedalando bicicleta.

2/9 - Le Champion

é o mercado barato que ainda oferece desconto de 10% para estudantes na compra dos produtos das marcas de qualidade duvidosa. Nesses momentos, melhor e pior é tão relativo...

Sem geladeira ou fogão, comprei as únicas coisas com as quais poderia me alimentar em casa durante a semana sem energia: um saco de croissants, bolo e um pote de 800g de uma nutela genérica de qualidade duvidosa mas muito boa.

3/9 - Musées de Toulouse

Domingo em Toulouse é dia de feira árabe! 25 de Março na Place St Sernin! Roupas, eletrônicos , bicicletas... óculos, relógios, canivetes... hmm deixa pra lá.

Primeiro domingo do mês, na França, é dia de museu de graça. Então depois da feira fiz um mega-rolê e visitei quase todos os museus da cidade. Vale citar o museu de medicina com fotos bizarras e o Augustins, o primeiro lugar da França a ser oficialmente chamado de museu (no século XIV, acho).

Ainda nesse domingo, lembrei do pote de doce de leite que ganhei da Érica e da Carol na minha despedida. E comi ele inteiro.

4/9 - Mme GARCIA

Foi o dia de orientação pros intercambistas. Mme GARCIA, Corinne passou horas explicando um monte de coisa. A maioria não dizia respeito a mim, porque não vou pegar o diploma duplo. A maioria dos outros intercambistas que estavam lá para o último ano vão fazer o double-diplôme.

Vai ter um fim de semana de integração, mas só em outubro, que é quando chegam os outros estudantes que vão fazer o penúltimo ano. Já me disseram que é imperdível. Mas também já me disseram que custa 300 euros...

Conheci os outros intercambistas nesse dia. Vários deles estão no mesmo alojamento que eu. A grande maioria é de marroquinos, acho que são dez. Tem também seis alemães, um finlandês, uma italiana, dois indianos e três colombianos. Vários outros ainda vão chegar pras aulas em outubro, inclusive o meu colega, o Harada!

Mme GARCIA me ajudou com as tretas da carte de séjour, a arranjar mais uma cama pro apê, a descobrir como comer no bandejão e uma pá de outras coisas. Mme FIRMEZA, ela.

5/9 - Strategie

Começou nessa terça-feira ensolarada o meu curso na École Supérieire de Commerce de Toulouse. Esse primeiro módulo, chamado Estratégia, dura 1 semana. Cada dia, recebemos um caso empresarial, na forma de uma apostila de 80 páginas, que devemos ler, analisar, buscar informações complementares, fazer um diagnóstico e posicionar estrategicamente, para no dia seguinte, na aula, apresentar pra sala e pro professor. Em francês. E isso tudo ocupa umas 11, 12 horas por dia. Ontem me disseram que na próxima etapa do curso, só piora.



(Aos meus eternos companheiros de CRC: os cases aqui não são muito difíceis comparados com os de Harvard, o professor não exige a utilização de conceitos muito específicos. Em compensação, são 80 páginas, tem muita informação e é muito trabalhoso, fora que temos que resolver de um dia pro outro. Detalhes culturais engraçados: os franceses adoram utilizar reticências (...) mesmo em textos formais... e absolutamente tudo é transformado em siglas de 3 letras, que eles sabem de cor... ex: CEF - compra da empresa pelos funcionários... ou, pior, a denominação das ações preferenciais, ADP SDV - Ações a Dividendos Prioritários Sem Direito de Voto... e eles realmente usam todas as siglas nas apresentaçoes...)

...

Não, por favor não me recriminem se eu demoro pra escrever. Quando pensarem em mim, eu devo estar junto com o meu grupo de trabalho, suando pra tentar passar, no meu estreito francês, o meu ponto de vista...

6/9 - EDF

Até esse dia, como meu apê não me proporcionava o menor conforto, eu costumava ir ao banco quando precisava de tranquilidade: a agência do Le Crédit Lyonnais perto de casa, especial para estudantes, é o único lugar onde sou atendido rapidamente, tomo café de graça, ganho dinheiro para abrir uma conta e pasmem!, tudo isso com ar condicionado! (o verão daqui não deve ser subestimado).

Porém essa tarde recebi uma visita! Ligar meu computador, botar leite, suco e cerveja na geladeira, descobrir a cor do piso do banheiro, carregar meu celular, poder ir dormir depois das 21h, tomar banho quente, são alguns dos agrados proporcionados pela jovem técnica da Electricité de France, que em 30 segundos ligou a energia elétrica. Foi amor à primeira vista.

7/9 - Independência ou Morte

em Toulouse, apenas mais um dia de aulas.

8/9 - hablas español?

Pra comemorar o fim da semana pouco pesada, saímos de balada! (detalhe, tínhamos combinado na segunda-feira, antes de saber como seria o curso, de sair na terça... sem condições).

Saímos só eu, os colombianos José, Sonia e Hector, e a italiana, Frederica, que eu não vou descrever pra ninguém ficar babando. O lance é que ela também fala espanhol. No começo eu achei que ia ficar boiando enquanto os quatro conversavam, mas como todos ali falavam francês, foi ok.

Fomos primeiro num bar, onde a cerveja de 1,5 litro custava 10 euros, e aí a gente rachou a breja. Depois fomos num bar-balada, onde a breja de 500ml custava 4 euros. Lá o José, que já está em Toulouse desde o começo do ano, encontrou e nos apresentou um monte de gente, maioria franceses, mas todos falavam espanhol. Aí fudeu! O jeito foi eu começar a falar espanhol também. E não é que eu tô me saindo bem?

Só que bares são obrigados a fechar à 1h30 da manhã na França. Então, fomos para uma balada, já agregados de mais uma colombiana e uma francesa que morou na Colômbia, a Colinne.

Primeiro entrariam o José com a nova colombiana (é, eu não lembro o nome dela) e a Colinne. Se eles conseguissem entrar, nos otros deveríamos ficar longe, e entrar uns 3 minutos depois, eu e a Frederica na frente, porque somos mais altos, e o Hector e a Sonia logo atrás, dizendo que somos os quatro juntos. Caso não conseguíssemos entrar, enviaríamos uma mensagem de texto pra Frederica avisando, e eles sairiam. Sim, é complicado assim entrar numa balada por aqui. Porque você não paga pra entrar, então eles ralmente selecionam quem entra e quem não entra. Muita gente junto é sinal de baderna e pouco dinheiro. Casais são mais bem-vindos, assim como pessoas bonitas, altas e bem arrumadas.

Apesar de toda a estratégia, quand chegamos a balada estava fechada. Então fomos pra outra, que como não estava muito cheia, não apresentou dificuldade pra entrar. Porém, é claro, usamos a mesma estratégia descrita acima. Dentro da balada, a cerveja de 300ml custava 5 euros. Aí não dá nem com muita boa vontade. A sorte é que alguém conhecia alguém que conhecia alguém que descolou uma garrafa de não-sei-o-quê de graça.

Às 5h30, chegamos em casa, depois de escoltar a Frederica até a residência dela que é um pouco mais longe. E fazemos isso até hoje toda vez que saímos. Não dá pra ela andar sozinha à noite com aquela endumentária e respectivo conteúdo.

9/9 - en échange!

Separei vários dos "souvenirs" que eu "juntei" durante o mochilão e colei tudo numa parede do apê. Aí tem bilhetes das atrações de Paris, embalagem de chocolate, multa de trânsito, diversas bolachas de cerveja, bilhetes de transporte público, mapas, flyers, encarte de CD, pedra, crachá da ONU etc.

À noite teve festa dos intercambistas no apê do José! Com direito a cerveja de qualidade duvidosa do Champion (24 cervejas pelo preço de uma na balada), vino, sangria, salsa y merengue! Foi bem legal pra acabar de conhecer quem faltava. Agora já somos um grupo bem definido, dos intercambistas que tão sempre na pegada! hehe

10/9 - aujourd'hui

Saudade de falar português, de roupa lavada, da minha família, de cerveja barata e do mochilão.

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