Friday, December 29, 2006

Cebola - à Lille, quoi!

Faaaaala galera!!

To aqui sentado no aeroporto de Heathrow, em Londres, esperando meu vôo pro Brasil. Hoje é 25 de dezembro de 2006 e faz exatamente um ano e dez dias que eu fui embora de casa e deixei minha mãe nesse estado:



(clique na foto pra aumenta-la e ver os olhos da véia inchadaços de tanto chorar)

Meu irmão, por outro lado, tava com mó cara de feliz porque ia ficar com o quarto só pra ele e ia poder assistir MultiShow até uma da manhã todas as noites. Ah, meu irmão é a loirinha bonitinha da direita e chama Eduardo. Tem que explicar, né...

Mas enfim, esse post não é pra fazer um balanço geral do meu intercâmbio. Mó fadiga, esse talvez eu faça mais tarde, quando e se a Érica deixar. Ela descobriu faz umas 5 horas que eu vou chegar amanhã, um mês antes do previsto. Coitada, nem sei ainda como foi o choque. Fiquei com uma dor no coração...

Hoje vou escrever um pouco do meu intercambio em Lille. A minha chegada já foi muito bem descrita pelo post histórico, inigualável, inicopiável, glorioso, superbo e magnífico da queima-filme da minha mamãezinha linda, mais linda de todas as lindas. (Sim, mais linda que a SUA, palhaço. Sem dúvida). Ela deu uma exagerada na parte de me levar de mão dada na escola e falar com a minha professora, mas acho que todo mundo pegou a piada, né?

Então, a residência que eu fiquei chamava Valentine-Charrondière e era a um quarteirão de uma outra, a Teilhard de Chardin, epicentro da terra do pecado onde habitaram ninguém menos que Érica Butow, Giulian Bozzolan e, daqui a uma semana, Vanessa Santos. Não quis ficar nesse paraíso do coisa-ruim porque, além de cheirar demais à Butow (como tudo na cidade), a que eu escolhi era absurdamente perto de onde eu estudava. Sério, era ridículo, todo dia eu dava risada. “Hahaha, como é perto”. Era mais rápido eu ir do meu quarto até a porta da faculdade do que o tempo que eu levava, em São Paulo, pra descer do meu apartamento e ir pegar a bicicleta no subsolo. Olha só essa foto:



É a vista da minha janela sem zoom nenhum. Clica nela e dá pra ver os livros da biblioteca no prédio da direita e, no prédio da esquerda, as cadeiras vermelhas do anfiteatro no primeiro andar e uma galera assistindo aula logo acima. Dava pra ver tudo! E vice-versa, claro. Eu tinha que tomar um puta cuidado pra não esquecer a cortina aberta... Porque imagina se no meu primeiro dia eu já não fiquei famoso na escola inteira a hora que eu fui tomar banho... ai, que chato... meu apelido ficou Guillaume trois-jambes o resto do semestre...

Fora a proximidade, tinha várias outras vantagens de morar na minha residência. Acho que era a mais legal de Lille, pra compensar o azar que eu dei em Frankfurt. Tinha várias coisas impensáveis para a Alemanha e que eram muito úteis pra conhecer a galera, como sala de TV, cozinha compartilhada com todo mundo, espaço de internet... rolava até um quintal que dava pra fazer churrasco francês!!! (i.e. só lingüiça...hehehehe...)

Lá eu acabei fazendo mais amizade com os outros intercambistas, principalmente os espanhóis de Cadiz que moravam no meu andar e falavam uma língua desconhecida. Os andaluzes são famosos por cortar as palavras. Por exemplo: “Vaogy?” (não sei exatamente como escreve, mas pronuncia-se bá-ô-gí) quer dizer, na língua deles, “Tu vas hoy al gimnasio?”. E eu não andava muito com os franceses. Primeiro porque eles eram mais novos que eu (média 18 anos). Segundo porque eles eram bixos (na residência só pode ficar gringo e primeiro-anista). E terceiro porque eles tinham hábitos estranhos como usar cachecóis com o bambi (juro por Deus e por tudo que é mais sagrado que isso é moda na França!), brincar de pega paga pelos corredores com os amigos e exclamar “UH-LÁ-LÁ!!” quando me viam sem camisa. Essas coisas dificultam a amizade, entende?

E eu já tinha falado pra vocês que minha business school era top de linha, que tinha sido classificada em 3ª melhor da França, 7ª melhor da Europa e tudo mais, né? A escola era boa mesmo. Boa e cara. Custava módicos 7 mil euros por ano. Por isso, tinha várias regalias pra playboyzada. Por exemplo, você não precisava tirar xérox de nada nem perder seu tempo procurando livro na biblioteca: tudo o que você precisava aparecia magicamente no seu pigeon hole (“ninho de pomba”, puta nome horroroso!), uma espécie de caixinha de correio que você consultava todo dia de manhã pra sentir o tamanho do nabo... tinha internet sem fio no prédio inteiro, e era tão boa que pegava até no meu quarto (eu já falei que eu morava ridiculamente perto?)....vira e mexe tinha uns coquetéis na faixa e uns brindezinhos modestos, como uma mochila de Laptop, pros intercambistas...tudo era informatizado, e os professores realmente usavam os espaços virtuais pra ajudar nas aulas... enfim, sei lá, várias coisas de boy que são um pouquinho diferentes na FEA. Mas eles não tinham Bateria! (aliás, sabia que baqueta em francês é baguette? Descobri isso quando eles viram um vídeo meu e disseram que eu parecia ser habilidoso com a baguette... cada sufoco que eu passava!)

Não tenho mais muito o que contar porque nessa viagem eu já tava mais old monkey e portanto não passei por uns aperreios memoráveis como das outras vezes. O mais emocionante que me aconteceu foi comprar um queijo caro achando que era bom e empestear meu quarto a ponto de ter que dormir na sala de TV por dois dias. Também teve uma vez que o Giulian tava sem a chave dele na véspera de natal e tivemos que arrombar os portões da residência uma hora da manha com uns ferros que achamos na rua, tudo devidamente registrado pelas cameras de vigilancia internas. Mas isso foi cabacice dele, não minha, né?

Também não fui viajar muito. Quer dizer, fui, mas não tanto como quando eu tava na Alemanha. Por exemplo, as festas Open Bar eram ilegais na França (pelo menos isso era o que me disseram) e a Atlética da EDHEC tinha que se contentar e baixar a cabeça ou então pedir uma verba pra diretoria e levar a faculdade inteira pra outro país. E foi assim que eu conheci a Bélgica, uma nação muito linda onde todas as mulheres são bonitas, tudo o que as pessoas falam é engraçado, o chão não pára de rodar e todas as coisas parecem que estão dobradas. O problema é que por lá é bem difícil andar em linha reta e misteriosamente sempre te dá uma puta dor de cabeça no dia seguinte...


Além disso tive uma semana de férias no meio do trimestre (pois eh, três meses de aula pra eles é muito cansativo e precisa de uma pausa dessas!) e viajei pra Irlanda pra visitar o Brian, o meu amigo na Alemanha. Reparem que eu disse O MEU AMIGO e não UM DOS MEUS AMIGOS, hehehehe... lá foi da hora, fiquei cinco dias seguidos vendo TV na frente da lareira e aprendi todas as regras do rugby. Quer dizer, todas as que eu consegui entender, porque o Brian era muito legal, muito gente fina e tudo, mas tinha um caralho de sotaque irlandes que me fez desenvolver muito a principal habilidade conquistada ao longo desse ano: fingir que eu to entendendo.



Essa carinha de "hmmmm, yeah, sure, i get it" já fez milagres por mim, viu...

Também teve outra semana de férias que eu mesmo me dei porque eu tava muito fatigué e fui pra Portugal. E, apesar da má fama, eu gostei bastante. Primeiro porque os portugueses são muito gente fina. Segundo porque um potugues falando sempre parece um comediante brasileiro imitando um portugues falando. Você automaticamente espera que o cara vai te contar uma piada no final, mesmo que ele só esteja te explicando o caminho pra chegar no hotel. Terceiro porque eles são meio burros mesmo (ai, que mancada com meu avô, hahuuhahah) e é bem provável que ele realmente acabe falando alguma merda, então é diversão garantida! Quarto porque você conhece bastante e, de certa forma, se identifica com a história do lugar. Por exemplo, é muito mais da hora visitar a tumba do Camões (que você ouviu falar sua vida inteira e até já leu ou fingiu que leu alguma coisa) que a do Rei Adolphen Zigfrieden Hemorroiden do império Austro-Húngaro que, apesar de ter dominado a Europa inteira, matado toda a família a dentadas, fritado 8 papas na currasqueira e construido 50 quilometros quadrados de palácios, você nunca ouviu falar. Além, é claro, de que andando pelas ruas da Terrinha você se depara com pérolas com essas:



(não entendi quase nada desse cardápio, exceto que o omElete deles lava mais branco!)
(muito útil essa coleira, hein...)
(gárgulas de um castelo que tentam espantar os maus espíritos imitando o caceta & planeta)
(sem medo de ser feliz!)
(pra você não achar que eu dei sorte na foto anterior!)
Bom, é isso aí galera, a aeromoça tá ali na frente estressada, suada e descabelada comparando as listas de passageiros que fizeram check-in e os que já entraram e logo mais vai descobrir que sou eu que to atrasando o avião. O resto eu conto pra vocês ao vivo e a cores quando eu chegar aí no Brasilzão de meu Deus! Big Brazil of my god! Gross Brasilien aus Mein Gott! El Brasilzón de mi Díos! Le grand Brésil de mon Dieu!
(Cabo da Roca, ponta mais ocidental do continente europeu)

Até amanhã!!!


PS: ganhei um email novo, guilherme.antunes@edhec.com . Chique, né? Mas esse eu nem vou checar muito, é mais pra dar pras minas e falar, com um sotaque bem carregado em francês: “Bah, ué... esse email e de quando eu tava estudando na França, então, PFFFFF, desculpa se eu demorar pra responder, PFFFFFF, eu não uso muito, ãããã... vualá... agora dá licença que eu vou brincar de pega-pega com o Jean-François, uh-lá-lá, ele parece ser habilidoso com a baguette” (reparou que eu to dominando o idioma e a cultura, né? Hehehe)

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Whats love got to do with it all, surely there is enough negativity in the world , why not try and be more positive

4:49 PM  

Post a Comment

<< Home