Tuesday, January 23, 2007

Godo - ao vivo

Nesse momento eu tô na sala da secretária, no cantinho da mesa dela, enganando que tô trabalhando. Se pudesse eu trabalhava, mas não dá pra acessar a internet, nem intranet nem nada de fora do meu "bureau" (sala). Ainda bem que eu trouxe o meu computador, senão além de não poder narrar a história, ia ser muito chato eu ter passado a manhã de molho com cara de bunda só esperando...

Você não tá entendendo nada. Então "voilà ce qui se passe (olha a cagada)":

Eu perdi o meu crachá da empresa, junto com a chave da minha sala. Já falei com a moça do RH, já perguntaram pra um monte de gente se alguém achou o crachá do stagiaire, e agora tô aqui enchendo lingüiça enquanto tentamos achar alguém pra trazer uma cópia da chave, e mandamos fazer outro crachá pra mim...

Eu não o joguei no lixo junto com o iogurte que eu tava tomando, não pendurei o crachá no pescoço e depois plantei bananeira, nem sacudi as coisas da minha mochila no meio da rua ontem, prometo...

A Marina tá tentando decidir aqui do lado, falando no telefone com um monte de gente, qual é o hotel pra onde vai o meu chefe na África do Sul semana que vem. Se ele vai pra um 4 estrelas, ou se vai pra um cinco estrelas, ou trinze estrelas, assim, o que for mais perto do centro de conferências, porque o do ano passado 'ficava a meia hora de carro, mas bââ, que tenha tarifs, fin, respectés, quoi, je sais pas'...

Parece que ela não achou a chave do escritório dele, pra eu poder ficar lá trabalhando (ele tá na Irlanda, acho) enquanto resolvem o problema da chave...

Hmmmm uma luz foi jogada na história... resolvi contar pra Marina o q aconteceu, que eu cheguei e a porta tava trancada. Ela me diz que a “femme de menage” (tiazinha da Demax) tranca as portas dos bureaux de noite... vai ver eu esqueci de trancar quando saí ontem, deixando o crachá e a chave na minha mesa. Aí a moça passou e trancou, e tá tudo lá dentro. Desde o começo, quando vi que não tava com o crachá na mochila, pensei logo que tinha deixado no escritório, por isso nem me preocupei muito em procurar em casa (é, em casa eu já tinha reparado que estava sem o crachá), mas chegando na empresa e encontrando a porta trancada, pensei logo o pior, né... de qualquer maneira, ainda não está resolvido, aguardemos a cópia da chave... agora, rápido, cancela o pedido de desativação do meu crachá e a "commande" (pedido) de um novo!

Pergunto pra ela se ela foi pro Brasil com meu chefe novembro passado. “Moi, pffffff, je reste (Eu, <>, eu fico por aqui)”. Mas pelo menos ele traz vários postais pra ela, tá tudo grudado na parede da sala. Falando em parede da sala, o que a falta do que fazer não faz, né? Começo a reparar em tudo que tá em cima da mesa: fotos do irmãozinho, um monte de caneta, grampeador, carimbo, vários bonitos pesos de papel da Airbus, uma garrafa de Evian com um líquido amarelo-bandejão dentro que ela bebe de vez em quando, um mapa-múndi que deve ser pra ela achar os destinos do Paul (depois da África do Sul, a Índia), calendários, e é claro um monte de papel. Pela janela, logo do outro lado da rua, dá pra ver a construção de um hotel. Parece a obra do metrô de São Paulo. Marina levanta e fica assistindo a grua rodar em três eixos ao mesmo tempo. Contei pra ela a história do Red Bull no desmoronamento do metrô: "Red Bíle? J'adore!! (Red Bull? Eu adoro!!)"

...

Já tá chegando a hora do almoço e nada de chave... acho que agora ela tá falando com o namorado, o tom de voz ficou uma oitava mais agudo. É assim que trabalham os estagiários e as secretárias quando o chefe não tá por perto... um blogando ao vivo e a outra combinando a “soirée” (noitada)...

Bom, já demorou demais, acabou a paciência. O fim da história eu ponho num comentário depois. Tchau! (será que tem algum joguinho no meu computador?...)



PS: Sim, noitada.

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